Muitos de nós deixamos a infância carregando profunda vergonha por nossas próprias necessidades não atendidas. Quando nossos cuidadores falharam em nos amar de maneira particular e necessária, desenvolvemos crenças sobre o sentimento de falta que se seguiu, que se tornou parte de nossas identidades. Para lidar com o que perdemos, muitos de nós alcançamos, nos esforçamos e buscamos metas perpétuas para obter maior sucesso. Ainda assim, outros de nós perdem-se no vício de substâncias, comida, sexo, televisão, redes sociais – qualquer coisa que acabe com a ansiedade existencial de viver num corpo humano no nosso mundo fragmentado. No fundo, sentimos o peso da nossa independência: o conhecimento de que, como adultos, devemos dar a nós mesmos o amor que nunca recebemos de outra pessoa – apesar dos relacionamentos, tanto românticos quanto platônicos. Uma forma ousada de brincar com esta dinâmica intrapessoal é representar intencionalmente a nossa dependência dos outros, a emoção de não fazer escolhas, de não sermos responsáveis pelas nossas próprias necessidades e de não pensarmos no próximo passo da nossa jornada. Por um momento, ser totalmente dependente de outra pessoa pode ser uma incrível dádiva de recuperação e, para muitos, um apogeu erótico.